sexta-feira, 8 de maio de 2009
Alejandro Jodorowsky - Psicomagia
quarta-feira, 15 de abril de 2009
Foucault
*
O processo de disciplinarização dos corpos de crianças e jovens se encontra no centro das preocupações de Vigiar e punir. Ela ocorreu em locais arquitetonicamente preparados para aquele fim, isto é, locais cercados, quadriculados, com uma disposição espacial estudada e um mobiliário especialmente desenhado, sem falar na presença de especialistas preparados para a aplicação de exercícios para a mente e para o corpo. O nascimento da chamada escola disciplinar se deu em um período de intensas modificações nas estruturas de poder, as quais deram origem ao aparato social e político que Foucault denominou "sociedade disciplinar". Em uma palavra, a genealogia foucaultiana nos ofereceu um importante modelo teórico para entender o surgimento não apenas da escola moderna, mas também da prisão, do hospital, do hospital psiquiátrico e da fábrica, instituições por excelência da modernidade.
*
Em um conjunto de conferências proferidas no Rio de Janeiro em 1973, posteriormente publicadas com o título de As verdades e as formas jurídicas, Foucault empreendeu uma abordagem muito particular sobre o poder, tema sobre o qual vinha desenvolvendo investigações desde sua aula inaugural no Collège de France, em 1970. Nestas conferências, Foucault demonstrou as transformações das relações de poder que deram origem a um tipo que se desenvolveu a partir do século 18, o poder disciplinar. Para Foucault, o poder disciplinar é fruto de transformações da sociedade europeia, mais precisamente, do deslocamento de um poder que estava concentrado nas mãos do Rei, para um corpo burocrático e institucional disseminado ao longo do tecido social. Segundo o autor, a partir de então, o poder se exerceria, preferencialmente, de maneira mais fluida, na forma de micropoderes ou de uma micropolítica. O poder disciplinar se exerce sobre os corpos individuais por meio de exercícios especialmente desenhados para a ampliação de suas forças. A despeito dos exercícios de adestramento dos corpos ocorrerem em espaços isolados e de maneira desordenada, gradativamente surgiu o conjunto das instituições disciplinares, cuja função foi a produção de corpos úteis e dóceis.
*
Normal e anormal
O processo de disciplinarização corresponde aos mecanismos de normatização, isto é, aos processos de nominação e separação entre o indivíduo 'normal' e o 'anormal'. Esse processo de separação é fundamental em se tratando da produção do sujeito moderno, o sujeito normalizado. Todos os procedimentos disciplinares presentes no interior da instituição escolar, da arquitetura aos cadernos de classe, dos exercícios físicos aos exames, concorrem para a produção do sujeito normalizado. Para Foucault, a instituição escolar foi o lugar privilegiado das medidas higiênicas e alimentares destinadas a garantir a saúde física e moral de jovens e crianças. Instituição disciplinar, a escola se constituiu como local privilegiado da realização exaustiva de exercícios, exames, punições e recompensas centradas no corpo infantil.
*
As leis de obrigatoriedade escolar na Europa das últimas décadas do século 18 e primeiras do 19 tinham como objetivo capturar as crianças das ruas e colocá-las em um ambiente cerrado, aplicando-lhes exercícios disciplinares que visavam governar seus corpos e almas. A contrapartida dessa ação foi a imediata definição das crianças que escapavam àquela rede como potenciais causadoras da desordem social. Assim se estabeleceu por completo a configuração da escola primária como a forma de captura e governo da infância, a qual, por sua vez, repartia a infância entre normal e anormal, na justa medida em que os corpos e almas das crianças eram capturados e governados no interior das redes de escolarização ou dela escapavam.
*
A educação, ao se transformar em uma forma de razão de Estado, acabou por configurar o Estado como um ente educador. A aliança entre Estado, pedagogia e medicina colocou todos os aspectos da vida das crianças em evidência no interior da escola e suas mínimas manifestações foram cuidadosamente escrutinadas: além das aulas, as brincadeiras de pátio, a merenda, as vacinas, os exercícios físicos, a higiene corporal, tudo foi tomado como campo de intervenção e produção de verdades sobre a infância, formando-se um sistema disciplinar no qual os exames corporais compuseram medidas centrais no processo de educação escolarizada. No contexto disciplinar, a higiene e a saúde destinavam-se à construção de uma população saudável; o civismo, à formação de uma população amante dos valores nacionais; ao passo em que o letramento destinava-se à produção de uma população de trabalhadores esclarecidos. Assim se configuraram os valores absolutos de todos os projetos nacionais de educação, os quais tomaram a infância como objeto de suas práticas de conformação visando à produção de uma população adulta viável, previamente preparada para as formas de governamento centradas na gestão do trabalho, da família e da saúde.
*
Fim da disciplina na escola?
Quando hoje se acena para o fim dos sujeitos escolares, isto é, para o fim da infância e para a morte da adolescência, o foco do argumento é que as práticas e os discursos que constituíram tais sujeitos no âmbito dos processos da escolarização disciplinadora da modernidade entraram em crise e deixaram de produzir tais sujeitos. O próprio Foucault já observara os limites históricos da sociedade disciplinar nos últimos anos da década de 1970. Os próprios conceitos de biopolítica e de governamentalidade neoliberal, fruto de suas pesquisas no final da década de setenta, já apontavam que as transformações pelas quais o Estado começava a passar em função da crescente autonomização do mercado econômico acabariam por levar à produção de novos sujeitos.
*
Seguindo as pegadas de Foucault, Gilles Deleuze compreendeu a crise da sociedade disciplinar como uma crise dos modos de confinamento centrados na prisão, no hospital, na fábrica, na escola e na família. Para Deleuze, se os confinamentos da disciplina eram moldes produtores de subjetividades, os novos controles são uma modulação, isto é, uma moldagem que pode ser transformada continuamente de maneira a produzir a subjetividade flexível como chave do controle. As antigas instituições se transformaram em empresas, modificando a gramática que havia sido produzida pela velha sintaxe disciplinar.
*
A passagem da sociedade disciplinar para a sociedade de controle permite entender as mudanças pelas quais a instituição escolar vem passando desde a última década a fim de tornar-se a instância de produção do novo sujeito moral, o sujeito flexível, tolerante e supostamente autônomo, requerido pelas novas modulações do controle que gravitam entre o Estado e o mercado neoliberal. Nesse processo, tornaram-se decisivas novas tecnologias informacionais, nutricionais, educativas e físicas, as quais se destinam a ampliar as capacidades corporais e cognitivas dos indivíduos, que devem se tornar empreendedores de si mesmos. Como nos mostram as análises de Nascimento da biopolítica, de 1979, o novo sujeito que está a ponto de substituir o sujeito disciplinado da modernidade será o produto de novas técnicas de controle e governamento neoliberal. Trata-se agora de produzir um sujeito capaz de responder às demandas flexíveis do mercado, objetivo que orienta obsessivamente os investimentos familiares e as intervenções governamentais do Estado sobre o campo da saúde e do corpo das populações, todas elas visando fomentar a atitude autoempreendedora capaz de produzir o "capital humano" exigido pelos tempos que correm.
*
Fonte: Revista Cult
quinta-feira, 26 de março de 2009
O Grande Inquisidor - Dostoiévski
"As coisas mudam de nome, mas continuam sendo religiões!" (Humberto Gesinger)
sábado, 14 de fevereiro de 2009
domingo, 8 de fevereiro de 2009
Política da Felicidade
sábado, 7 de fevereiro de 2009
Anarquia em Quadrinhos
Para entender a base disto, precisamos analisar um pouco outros "ismos". No comunismo ou Marxismo, de Karl Marx e seus seguidores (Leninismo, Trotskismo, Luxemburguismo), o poder dos meios de produção seriam passados para o proletariado, ou seja, para a classe de trabalhadores. Porém haveria uma transição do capitalismo para comunismo, criando uma etapa da ditadura do proletariado, o socialismo, onde o Estado seria tomado e dirigido por estes, até se equilibrar para, no final, extinguir esse Estado e classes sociais. Assim, apesar da teoria, a prática é extremamente repressora, como os exemplos até hoje vivenciados, se auto-contrariando com uma forma de poder ainda existente.
O capitalismo ainda sobrevive, de forma que não nasceu da teoria e sim de uma prática histórica, darwiniana antes de Darwin, de sobrevivência dos mais fortes e da hierarquia destes. Apesar disso acaba sendo (auto)conservador com seu Estado, controlando a sociedade pelos seus três porquinhos, poderes: executivo, legislativo e judiciário. Porém quando o guia desta cadeia alimentar (como os EUA) abala o seu nicho, todo o habitat se desestabiliza, como um castelo de cartas ou um daqueles jogos em qua você monta uma torre com retangulos compridos de madeira e vai tirando um.
No anarquismo este estado seria destruido de primeira, de forma que niguém dite as regras, influenciando-as a surgirem naturalmente, como um quebra-cabeça complexo, porém, com cada peça em seu devido lugar. A grande aldeia global, proposta por McLuhan, já prevê uma certa anarquia. Sem o controle da informação, o acesso curtural aberto a todos, como uma teia de aranha, o que a web está proporcionando, constelações. Seria a solução de todos problemas políticos (sociais, econômicos e educacionais), onde decisões coletivas seriam incentivadas pelas suas reais importâncias e não pela fé cega em promessas.
Se pensarmos em religião, percebemos que o monoteísmo ou o cristianismo também atende, propositalmente ou não, ao capitalismo, de forma a criar essa hierarquia, obiência ditatorial imposta pelas cruzadas e dogmas. A idéia não é criticar a existência ou não de Deus, mas sim esse simplicismo histórico de um panteão de Deuses em um único, onde diminui-se a intimidade com a divindade reduzindo-a e confiando-a a uma pessoa que não tem uma relação Xamânica ou sobrenatural com esta.
Antes de entrar aos quadrinhos, idéia proposta pelo título, algumas frases de Mikhail Bakunin, um dos teóricos anarquistas:
"Se Deus existisse, só haveria para ele um único meio de servir à liberdade humana: seria o de cessar de existir".
"A paixão pela destruição é uma paixão criativa".
"A liberdade do outro estende a minha ao infinito".
"É melhor a ausência de luz do que uma luz trêmula e incerta, servindo apenas para extraviar aqueles que a seguem".
Para ilustrar tudo isso, fechar o ciclo, duas notáveis obras dos quadrinhos, que, apesar de terem sido "seladas" com o gênero de ficção, espressam muito em suas entre-linhas: V de Vingança e Os Invisíveis.

V for Vendetta, ou V de Vingança, é situado num passado futurista (uma espécie de passado alternativo), numa realidade em que um partido de cunho totalitário ascende ao poder após uma guerra nuclear. A semelhança com o regime Nazista é inevitável devido ao fato do governo ter o controle sobre a mídia, a existência de uma polícia secreta, campos de concentração para minorias raciais e sexuais, muito perto do que pensou Hannah Arendt no seu livro "Origens do totalitarismo" de 1951. Existe também um sistema de monitoramento feito por câmeras nos moldes de "1984", de George Orwell, escrito em 1948. (Na época, o CCTV ainda não existia tal como o é hoje na Inglaterra quando a obra foi escrita).

Apesar do sistema Totalitário ser definido por vários autores, como Hannah Arendt pensou. A história em quadrinho obra foi escrita num momento histórico que a Inglaterra, estava implementando o sistema Capitalista Neoliberal com a primeira ministra Margaret Thatcher. Ao mesmo tempo o "Socialismo Real" da extinta U.R.S.S. (atual Rússia), estava em total descredito devido aos horrores do Stalinismo.
O que abre a perspectiva para "V", (codi)nome do protagnista, ter uma postura anarquista, pois como definiu tanto Enrico Malatesta no seu livro "Escritos revolucionários" e outros anarquistas, como o já visto Mikhail Bakunin, Pierre Joseph Proudhon, Max Stirner, Emma Goldman, Piotr Kropotkin e Henry David Thoreau; o Estado é limitador da Liberdade, sendo assim todo Estado passa a ser Totalitário. Vale lembrar que a obra foi escrita entre 1982-1988, o que fez dela mais genial que o filme-adaptação, quando algumas idéias já estavam desgastadas por ter sido lançado em 2006.

Definir Os Invisíveis, de Grant Morrison, seria um pouco complicado. Eles, uma antiga sociedade secreta de anarquistas terroristas em busca da evolução da humanidade, estão por aí, invisíveis para todos aqueles que não querem ver, participando de uma longa e secreta guerra contra a opressão, não só física quanto mental. Você vai ver cabeças proféticas decepadas, a vida através dos olhos de pombos, conversas entre deuses mortos e deuses inventados, granadas, perversão sexual e a mais pura violência.
Os integrantes dos Invisíveis são tão realistas quanto abstratos, como um hooligan com poderes psíquicos, uma policial nova-iorquina, um telepata vindo do futuro, um anarquista capaz de projetar-se no espaço e tempo e um poderoso xamã travesti (ou hermafrodita: ninguém ainda sabe) vindo do Rio de Janeiro.

Quem acreditou que Matrix é revolucionário por ser original, enganou-se. Matrix é, talvez, um dos maiores Milk-Shakes cinematográficos da história do cinema: desenhos japoneses, quadrinhos americanos, filosofia, artes-marciais já existiam em Os Invisíveis. Mas, nesta série, os verdadeiros ingredientes para esta salada-mista são as ordens templárias, a Teoria do Caos, maçonaria, psicologia, seitas místicas e tudo o que você pode pensar que jamais existiu de lunático na Terra.
sexta-feira, 6 de fevereiro de 2009
Caos
sexta-feira, 19 de setembro de 2008
Tas na Zona Eleitoral (Episódio 1 e 2)!
*
*
*
No Próximo Episódio:
quinta-feira, 7 de agosto de 2008
Folha Explica: O Marketing Eleitoral
INTRODUÇÃO
Nos 17 anos que se seguiram à primeira eleição de governadores de estado pelo sufrágio universal após o golpe militar de 1964, a importância atribuída pela opinião pública ao que se convencionou chamar de 'marketing político' só cresceu no Brasil.
McCain distribui aparelho para encher pneu com nome de Obama

Deixando de lado a exploração de reservas de petróleo, energia nuclear e preço dos combustíveis, McCain e Obama dedicaram-se à pressão dos pneus.
"A Associação Americana de Automóveis recomenda fortemente que façamos isso, mas eu também não penso que este seja um meio de sermos independentes em energia", disse o senador republicano.
Com um tom irônico, McCain aproveitou sua visita a uma corrida de motocicletas em Sturgis, Dakota do Sul. "Meu oponente não quer a exploração [das reservas petrolíferas costeiras], ele não quer energia nuclear, ele quer que você infle seus pneus".
Obama preferiu não tocar diretamente no assunto, mas também não poupou críticas ao rival republicano. "Será interessante ver um debate entre John McCain e John McCain", disse, referindo-se às mudanças de postura do senador por Arizona devido à corrida presidencial.
Com a campanha se aproximando das convenções nacionais, quando as candidaturas serão oficializadas e muito provavelmente os nomes dos vice-presidentes serão anunciados, Obama e McCain dedicam quase tanto tempo aos ataques quanto às propostas políticas.